Orla Conde, centro de frente para o mar
A remoção da Perimetral e a construção de túneis permitiram a criação de
passeio público de 3,5km que integra centros culturais e recebe eventos durante
todo o ano
Espaço antes restrito à Marinha abre caminho à
nova Praça Mauá / Foto Bruno Bartholini
Com a demolição do Elevado da Perimetral, a cidade
ganhou vista privilegiada da Baía de Guanabara. Frente marítima redescoberta
pode ser apreciada de ponta a ponta em grande estilo na Orla Prefeito Luiz
Paulo Conde. O passeio público de 3,5 km vai desde a Praça da Misericórdia,
próxima ao Aterro do Flamengo, ao Armazém 8 do Cais do Porto. Arborizado, o
espaço na região do Porto Maravilha estimula a circulação de pedestres e
ciclistas nos deques, calçadão, ciclovia, praças e áreas de convivência. Trecho
na antiga Rodrigues Alves ganhou também novo meio de transporte que
revolucionou o jeito de se deslocar no Centro, o Veículo Leve Sobre Trilhos
(VLT).
Integrando patrimônio histórico da cidade a uma
nova proposta de mobiliário urbano, a remodelação inclui novos bancos de
concreto, lixeiras, bancas de jornal e relógios digitais. A iluminação pública
também recebe atenção especial com lâmpadas de LED, mais duráveis e econômicas,
que garantem redução da demanda e consumo de energia. A novidade também veio no
calçamento. Pensando na facilidade de manutenção, durabilidade e reposição,
pedras portuguesas foram substituídas por três materiais diferentes: granito,
intertravado e concreto sarrafeado.
Além disso, o projeto paisagístico da região
prioriza o plantio de espécies nativas de árvores como o Oiti, Ipê-roxo,
Pau-Brasil, Cordia e Ipê-amarelo para arborização de vias, praças e frente
marítima. No Circuito Histórico e Arqueológico da Celebração da Herança
Africana (Cais do Valongo, Jardim Suspenso do Valongo, Centro
Cultural José Bonifácio, Pedra do Sal, Largo do Depósito e Cemitério dos Pretos
Novos) são utilizadas algumas espécies africanas, como a Bisnagueira e o Baobá.
De volta à Praça Mauá
Praça
Mauá, antes encoberta pela Perimetral, abriga Museu do Amanhã e Museu de Arte
do Rio e recebe público para contemplação e prática de esportes / Foto
CidadeOlimpica.com
Primeiro
trecho aberto ao público em 6 de setembro de 2015, a nova Praça Mauá deu um
gostinho do que estava por vir por toda extensão do passeio público de 287 mil
m² que unifica 27 centros culturais da região central da cidade. Museu de Arte do Rio (MAR),
Biblioteca Nacional, Armazém da Utopia, Centro Cultural dos Correios, Centro
Cultural Banco do Brasil e Casa França Brasil são alguns dos equipamentos
culturais da Orla Conde, além do Museu do Amanhã e do AquaRio, últimos
inaugurados (ver mapa). Nas proximidades, cariocas e visitantes também podem conhecer
o Cais do Valongo, a Pedra do Sal, a Fortaleza da Conceição, o Cemitério dos
Ingleses e o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos.
Urbanizada no início do século passado, quando a
grande reforma do prefeito Pereira Passos aterrou 1,5 milhão de metros
quadrados para a construção do Porto do Rio, a Praça Mauá nasceu com a antiga
Avenida Central, atual Avenida Rio Branco. Batizada em homenagem a Irineu
Evangelista de Sousa (1813-1889), o empreendedor e abolicionista Barão de Mauá,
representava a integração da cidade ao Porto e à Baía. No centro da
revitalização da Região Portuária, na esplanada diante do Museu do Amanhã, a
Praça Mauá se volta novamente ao futuro com o mesmo espírito de integração e
desenvolvimento.
Área antes restrita à Marinha abre caminho à
beira-mar
Desde 3 de abril de 2016, área de 600 metros
antes restrita ao uso militar, está aberta como caminho livre entre o Museu do
Amanhã, na Praça Mauá, e a Praça Barão de Ladário, na Rua Visconde de Inhaúma. A
paisagem era até então desconhecida às margens da Baía de Guanabara, entre a
Ilha das Cobras (da Marinha) e o Mosteiro de São Bento.
Passeio pelo trecho permite contemplar prédios
históricos, como o Arsenal de Marinha na Ilha das Cobras / Foto Beth Santos
Acordo celebrado entre a Prefeitura do Rio e o Comando do 1º Distrito
Naval no processo de demolição do Elevado da Perimetral permitiu a criação do
passeio na parte central da Orla Conde. Com 23.627 m² de área, o trecho ganhou
mobiliário urbano e paisagismo diferenciado em jardins com plantas como
pata-de-vaca, ipê amarelo, pau-brasil e pitanga. A construção do passeio que
margeia a Baía de Guanabara lançou um desafio de engenharia para a execução de
uma passagem em forma de bumerangue com 70 metros de extensão sob a ponte que
dá acesso à Ilha das Cobras. Para essa obra, balsas foram utilizadas na fixação
de oito estacas metálicas que compõem a fundação da estrutura com piso
revestido em madeira de deque.
A caminhada pelo trecho permite contemplar prédios
históricos e o moderno Museu do Amanhã por ângulos pouco explorados. O Arsenal
de Marinha do Rio de Janeiro, organização Militar da Marinha do Brasil
instalada na Ilha das Cobras, é o principal centro de manutenção da Marinha do
Brasil e ganha destaque na paisagem. O Mosteiro de São Bento, fundado por
monges beneditinos vindos da Bahia em 1590, também ficou em evidência. O prédio
foi construído com pedras retiradas do Morro da Viúva, no Flamengo, por
africanos escravizados. O Museu do Amanhã é visto por quem chega à Praça Mauá
como grande ícone cultural e arquitetônico do Porto Maravilha.
Antiga Rodrigues Alves dá espaço a calçadão em frente
aos armazéns
Área
da cidade que sofreu por décadas com o efeito da sombra do Elevado da
Perimetral foi devolvida à população no dia 7 de maio de 2016 como
parque arborizado dedicado ao lazer e à prática de esportes ao ar livre. O
espaço de 1 km de extensão e 57.000 metros quadrados entre os
armazéns 1 e 6, com passagem do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), ganhou
além de 460 árvores em 51 canteiros, deques que convidam o pedestre a
contemplar o espaço público. Em parceria com a Cisco, apoiadora oficial dos
Jogos Olímpicos Rio 2016, a prefeitura disponibiliza internet “Wi-Fi do Porto”
na Praça Mauá e neste trecho da Orla Conde.
Veículo Leve sobre Trilhos circula pela Orla Conde em
frente ao mural de grafite do Kobra e dos armazéns do Cais do Porto / Foto
Bruno Bartholini
Praça XV, Marechal Âncora e Largo da Misericórdia
O
projeto urbanístico que recuperou o histórico Largo da Misericórdia e a Praça
Marechal Âncora homenageia o antigo Mercado de Peixes da Praça XV, todos
reabertos após obras de revitalização em 29 de maio de 2016. Os 77.978
metros quadrados e 777 metros de extensão entre a Praça XV e o Museu Histórico
Nacional trazem nova configuração ao local do antigo porto que marcou a
chegada da Família Real, de reis, príncipes, nobres e autoridades em séculos de
charme e histórias marcantes do Brasil. Prédios históricos e monumentos do
entorno são valorizados. Com a demolição da Perimetral, ganharam mais
visibilidade edifícios como o Paço Imperial, o Palácio Tiradentes, o Museu
Naval, as igrejas de São José, Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé e da Ordem
Terceira de Nossa Senhora do Monte Carmo (de 1770).
Projeto da Praça Marechal Âncora homenageia o
antigo Mercado de Peixes da Praça XV / Foto Bruno Bartholini
Skatistas têm mais 120.000 metros quadrados para a
prática do esporte em frente ao Museu Histórico Nacional. Para os adeptos da
contemplação da paisagem, 360 metros quadrados em deques de madeira e 50.000
metros quadrados de granito compõem o novo ambiente de frente para o mar e
perto do Aterro do Flamengo.
Praça Muhammad Ali integra nova frente
marítima
Jovens e crianças aproveitam parquinho na Praça
Muhammad Ali / Foto Bruno Bartholini
Trecho 21.861 metros quadrados entre os armazéns 6
e 8 da Orla Conde foi inaugurado em 17 de junho de 2016 com abertura da nova
Praça Muhammad Ali, em frente ao AquaRio. Desde o início de 2017,
parquinho moderno oferece mais uma opção de entretenimento para jovens e
crianças que passam pela área. Próxima à parada Utopia-AquaRio do Veículo Leve
Sobre Trilhos, da nova praça também se avista do outro lado da Via Binário do
Porto a Igreja de Nossa Senhora da Saúde, construção neoclássica de 1750.
Lenda do esporte mundial e símbolo da luta contra a
desigualdade racial e pelos direitos civis, tricampeão da categoria peso-pesado
do box, Muhammad Ali morreu em junho de 2016 aos 74 anos. Em 1960, depois de
ganhar a primeira medalha olímpica e retornar aos EUA, entrou em um restaurante
cheio de brancos e pediu um hambúrguer. Diante da recusa do atendente em
servi-lo, disse: “Sou Cassius Clay, campeão olímpico”. Como não foi servido,
jogou a medalha olímpica no Rio Ohio em protesto. Em 1996, convidado para
acender a pira dos Jogos Olímpicos de Atlanta, foi presenteado com uma réplica
da medalha olímpica que jogou no rio 36 anos antes. Converteu-se ao Islamismo
em 1964, mudou de nome e defendeu a paz e a igualdade entre os povos. Contra a
Guerra do Vietnã, criticou o envio de militares ao conflito e recusou-se a
servir no exército americano em 1967, o que o fez perder o título mundial por
três anos. “Nenhum vietcongue me chamou de crioulo. Por que eu lutaria contra
ele?”, justificou à época. Ao descobrir ser portador da doença de Parkinson na
década de 1980, apoiou medidas para o aprofundamento das pesquisas contra o
mal. Dessa forma, a Prefeitura do Rio celebra no Porto Maravilha, área do
Circuito da Herança Africana, a memória do atleta nascido nos Estados Unidos
que se definia como “Lutador da África”.
Abertura do Largo da Candelária e do Boulevard
Olímpico marcam entrega total da Orla Conde
Largo da Candelária integra Igreja da Candelária,
Centro Cultural Banco do Brasil e Casa França Brasil / Foto Bruno Bartholini
O Largo da Candelária, área escolhida para
instalação da Pira Olímpica pela primeira vez fora do estádio, foi aberto ao
público entre a Praça XV e a Praça Barão de Ladário no dia 5 de agosto. A
data marcou a inauguração do último trecho da Orla Conde e do Boulevard
Olímpico, espaço que recebeu o público para transmissão dos jogos, maratona de
shows, intervenções artísticas, atividades culturais e esportivas durante os
Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Com a abertura do trecho de 42.463 metros quadrados,
tornou-se possível cruzar toda a região entre o Parque do Flamengo e o Armazém
8 do Cais do Porto a pé ou de bicicleta.
Durante os Jogos Olímpicos, Orla Conde recebeu público para shows e
atividades culturais e esportivas / Foto Bruno Barholini
Nenhum comentário:
Postar um comentário