Grupos de
Afoxés desfilam juntos por Copacabana
- 27/02/2017 19h39
- Rio de Janeiro
Akemi
Nitahara – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Concentração do Afoxé Filhos de
Gandhi em Copacabana Akemi Nitahara/Agência Brasil
Três grupos de afoxé do carnaval
carioca se uniram e fizeram o desfile juntos hoje (27) em Copacabana. O Afoxé
Filhos de Gandhi, pioneiro na cidade, chamou os “filhos” Afoxé Raízes Africanas
e Afoxé Ilê Alá para o cortejo de azul e branco pela Avenida Atlântida, que
saiu por volta de 18h.
Fundado em 1951, o Filhos de
Gandhi é o primeiro afoxé do Rio de Janeiro. Ele foi criado apenas dois anos depois
do grupo de Salvador que leva o mesmo nome. Apesar de ser uma influência e uma
referência, os dois são independentes, como explica a diretora de produção do
grupo carioca, Ya Regina. “Lá são só homens, aqui o homem continua o cérebro,
mas a mulher é o coração. Somos pioneiros no Rio de Janeiro, é o primeiro afoxé
da cidade.”
De acordo com ela, o Filhos de
Gandhi é resistência cultural para manter as tradições afro-brasileiras.
“Resistir a cultura afro no Brasil é muito difícil, principalmente no Rio, onde
existem brigas desnecessárias sobre religião. Nós, do Gandhi, temos as portas
abertas para a afrodescendência, não importa se é padre, pastor, de santo. O
que importa é que somos uma grande família”, explica Regina, convidando todos a
se juntarem ao grupo, independente da religião.
“Isso é uma questão de berço,
quando você aprende dentro da sua família a respeitar, traz de casa a educação
e está bem com a sua religião, você não tem problema com religiosidade nenhuma,
tanto que sai com a gente padre, pastor. Isso pra nós é muito
importante,”disse.
Ainda na concentração do bloco,
enquanto era tocado um atabaque e uma roda se formou ao redor para cantar
junto, a estudante Ethel Rudnitzki acompanhava dançando. Ela é de São Paulo,
descendente de poloneses, e sempre passa o carnaval no Rio, onde tem família.
“Adoro o Filhos de Gandhi, não
conheço muito as músicas, mas acho muito boa a energia. Eu não sigo nenhuma
religião, tenho muito respeito pelas religiões afro, porque sei o preconceito
que elas sofrem no Brasil, então tenho uma simpatia muito grande por elas. Tem
uma energia muito boa, tem gente de todo tipo, de toda idade, eu acho que tem
um clima muito mais positivo do que outros blocos, sempre gostei.
Ontem o Filhos de Gandhi desfilou
na zona portuária do Rio, levando cerca de 3 mil pessoas da Praça da Harmonia
até a Praça Mauá.
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