Vistoria
constata falta de médicos no Hospital do Andaraí, no Rio
Publicado em 06/06/2019 - 17:15
Por Vinícius
Lisboa - Repórter da Agência Brasil Rio de Janeiro
A
Defensoria Pública da União e o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio
de Janeiro (Cremerj) vistoriaram hoje (6) a emergência do Hospital Federal do
Andaraí, na zona norte do Rio. Após a visita, o defensor Daniel Macedo disse
que foi constatada uma situação considerada "gravíssima".
Macedo
afirmou que a falta de profissionais de saúde tem levado a plantões sem médicos
na emergência, e que o número de pacientes acima da capacidade do hospital faz
com que as pessoas sejam internadas em macas nos corredores e em cadeiras.
Segundo o
defensor público, havia 40 pessoas internadas em um espaço reduzido na
emergência, no momento da visita, sendo 11 pacientes oncológicos, sem atenção
adequada. "É uma situação gravíssima que piora o estado de saúde das pessoas."
A
emergência do Hospital do Andaraí sofreu interdição ética do Cremerj na
segunda-feira (3), devido a irregularidades no atendimento. O conselho já havia
apontado o excesso de pacientes, longo tempo de espera e falta de
profissionais, situações que "podem pôr em risco potencial a vida de
pacientes", diz nota divulgada pela entidade.
Apesar da
interdição ética, os profissionais optaram por não fechar a porta da
emergência, que atende casos de média e alta complexidade. "É uma escolha
trágica, uma escolha de Sofia. Os pacientes que lá estão hoje, mais ou menos,
conseguem ter uma pequena assistência. É melhor do que estar na rua",
disse o defensor, que também relatou a falta de analgésicos, remédios para
enjoo, fio de sutura e agulhas.
Segundo
Daniel Macedo, a Defensoria Pública da União vai pedir à 5ª Vara Federal que
intime o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Francisco de
Assis Figueiredo, para dar explicações. Ele também cobra a realização de
concursos públicos e explicou que já há decisão judicial que obriga o
ministério a contratar os 4,2 mil profissionais que estão faltando.
O
defensor público disse ainda que vai denunciar a situação da emergência do
hospital à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Procurado
pela Agência Brasil, o Ministério
da Saúde reconheceu que a emergência precisa ser qualificada e afirmou que está
tomando providências para melhorar o atendimento no conjunto dos seis hospitais
federais do Rio de Janeiro.
"Cabe
ressaltar que, até o presente momento, não houve fechamento da porta de entrada
de urgência e emergência do Hospital Federal do Andaraí e esforços estão sendo
feitos para que seja realizado o atendimento a toda demanda da população.
Atualmente,
o hospital funciona com mais de 100% da sua capacidade operacional considerando
que é o único serviço de média e alta complexidade da região. O hospital atende
cerca de 50 mil consultas e 7 mil internações por ano. Ainda, esclarece-se que
está em curso um processo para contratação de recursos humanos e o abastecimento
de medicamentos e insumos hospitalares mantém-se regular", informou o
ministério.
Edição: Maria Claudia
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