Atletas
transgênero não necessitam de cirurgia para competir em Olimpíadas, determina
COI
Redação |
São Paulo - 25/01/2016 - 12h36
Segundo o
Comitê Olímpico Internacional, nova diretriz, que deverá valer já para Rio
2016, visa se adaptar às mudanças sociais em relação às pessoas trans
O COI (Comitê Olímpico
Internacional) anunciou neste domingo (24/01) que atletas transgênero não
precisam se submeter a cirurgias de redesignação sexual para estar aptos a
participar de competições oficiais, incluindo os Jogos Olímpicos.
“Exigir mudanças anatômicas por
cirurgias como uma condição para participar [de campeonatos] não é necessário
para preservar a competição justa e pode ser incompatível com a legislação em
desenvolvimento e com as noções de direitos humanos”, declarou o COI por meio
de um comunicado publicado em seu site
oficial. A mudança deverá valer já para as Olimpíadas do Rio de
Janeiro, em agosto deste ano.
Misty/Flickr
Atletas durante os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012
De acordo com a determinação do
COI, homens trans (pessoas que foram designadas como mulheres no nascimento mas
se identificam como homens) poderão participar “sem restrições” de competições
entre homens. Por sua vez, mulheres trans (pessoas que foram designadas como
homens ao nascer mas se identificam como mulheres) deverão se submeter a
terapia hormonal e demonstrar que os níveis de testosterona no sangue se
encontram abaixo de 10 nanomols por litro desde pelo menos um ano antes da
primeira competição oficial.
O COI afirmou que a nova política
foi adotada para se adaptar às mudanças recentes da sociedade em relação às
pessoas trans.
“Isso se tornou uma questão
social maior do que no passado. Nós tivemos que rever e olhar de um ângulo
novo, precisávamos nos adaptar à legislação moderna ao redor do mundo. Sentimos
que não poderíamos impor uma cirurgia se isso não é mais uma exigência legal”,
disse Arne Ljungqvist, ex-diretor médico do COI, à agência de notícias Associated
Press. Ljungqvist declarou que, apesar de serem casos raros, a entidade
precisava responder a essa “questão de direitos humanos”.
A medida vale como recomendação
para federações esportivas ao redor do mundo, mas não tem caráter de regra ou
regulação. As diretrizes antigas do COI, aprovadas em 2003, previam que os
atletas transgênero deveriam passar por cirurgia de redesignação sexual e por
dois anos de terapia hormonal antes de poderem competir.
“Não creio que muitas federações
tenham regras sobre a eligibilidade de pessoas transgênero. Isso [nova
diretriz] deverá fornecer a confiança e o estímulo para aplicar essas regras”,
afirmou o diretor médico do COI, Richard Budgett. Segundo ele, a diretriz, que
foi aprovada pelo corpo médico do COI em novembro, se trata de um “consenso
científico”.
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