Escândalo de doping
pode consagrar
africana que teve que
provar ser mulher
Publicado há 16 horas - em 14 de novembro de 2015 »
Atualizado às 9:23
Categoria » África e sua diáspora
Categoria » África e sua diáspora
A sul-africana Caster Semenya, 24, pode
herdar duas medalhas de ouro de uma só vez por causa do escândalo de doping
envolvendo a equipe russa de atletismo. Ela foi medalhista de prata nos 800m no
Mundial de Daegu-2011, na Coreia do Sul, e nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.
Em ambas as provas, foi superada por Mariya Savinova, 30.
Por Daniel Brito Do Blog do Brito
Mas Savinova está enrolada até o último
fio de cabelo com o escândalo de ocultação de resultados positivos de doping
que ocorreu de forma sistemática com a anuência da agência russa de combate à
dopagem e do ministério do esporte do país. Em relatório divulgado no início
desta semana pela Wada (Agência Mundial Antidopagem), a campeã olímpica dos
800m merece um capítulo à parte.
A agência tem gravações telefônicas de
Savinova admitindo o uso de substâncias para melhorar a performance nas
competições e, ainda por cima, comprometendo o resto da delegação de atletismo
do país. ‘Na Rússia, todos estão na ‘pharma’”, teria dito ela, referindo-se a
laboratório que fornece suplementos proibidos pela Wada.
A agência, em seu relatório, recomenda
que Savinova e a medalhista de bronze dos 800m em Londres, Ekaterina
Poistogova, sejam banidas de forma perpétua do esporte e seus resultados sejam
anulados.
Assim, Semenya ganharia dois ouros de
uma vez só. À imprensa sul-africana, ela disse que ainda assim não se sentiria
campeã. “Mesmo que venham esses ouros, eu ainda vou me considerar medalhista de
prata”, afirmou após uma prova de rua na cidade de Tembisa.
Teste de femininidade
Ainda que o ouro olímpico chegue por vias tortas para Caster Semenya, a láurea coroaria uma longa jornada pela qual teve que passar para competir no cenário internacional.
Ainda que o ouro olímpico chegue por vias tortas para Caster Semenya, a láurea coroaria uma longa jornada pela qual teve que passar para competir no cenário internacional.
O COI decidiu não permitir que mulheres
com excesso de hormônio masculino, como a testosterona, competissem no feminino
em Londres-2012. Ou seja, estariam excluídas as que sofrem de
hiperandrogenismo, que é quando a mulher produz esses hormônios acima da média
das demais de modo natural.
Os efeitos do androgênio (hormônio
masculino) no corpo ajudam a explicar por que os homens têm performance
superior às mulheres em vários esportes. Mulheres com hiperandroginismo
geralmente têm atuação superior a outras atletas.
Este é o caso de Semenya, que nunca
revelou por qual tipo de tratamento hormonal se submeteu (ou se submete ainda).
A atleta sul-africana ficou famosa no
Mundial-2009, em Berlim, ao ser campeã mundial dos 800 m com mais de dois
segundos à frente da segunda colocada, antes do controverso teste de gênero que
precisou fazer. À época, levantaram-se suspeitas ao ponto de surgir o rumor de
que a sul-africana seria hermafrodita. A IAAF (entidade máxima do atletismo)
solicitou à federação sul-africana informações e exames da atleta.
A federação a defendeu, mas, em acordo
com a IAAF, aceitou exames para comprovar o sexo de Semenya. Foram quase 11
meses de avaliações, período no qual Caster não pôde competir. Retornando
apenas em 2011, para o Mundial de Daegu, no qual perdeu o ouro exatamente para
Mariya Savinova.
Desde que surgiu naquele Mundial de
Berlim-09 e foi alvo de tantas polêmicas, Caster Semenya nunca mais foi tão
rápida.
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