Governador RJ: conduta na
pandemia pode derrubar Bolsonaro
Para
Wilson Witzel, repetidos apelos do presidente a fim da quarentena da covid-19
são "desprezo pela vida", podendo resultar em
"destituição". Bolsonaro causa aglomeração em Goiás, é criticado por
ministro da Saúde.
O governador do estado do Rio de
Janeiro, Wilson Witzel, afirmou que o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro,
pode ser processado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), além de estar
sujeito a um processo de destituição no Brasil se adotar atitudes de
"desprezo pela vida" por sua conduta durante a crise do novo coronavírus.
"O comportamento de um chefe
de Estado que não está em conformidade com as diretrizes da Organização Mundial
da Saúde [OMS] pode ter repercussões internacionais. O Tratado de Roma inclui
no seu artigo sobre crimes contra a humanidade que causam sofrimento, causando
danos à integridade física das pessoas", comentou o ex-juiz e ex-fuzileiro
naval em entrevista à agência de notícias Efe.
"Já existe uma queixa no
Tribunal Penal Internacional [contra Bolsonaro], e isso pode ser uma
consequência de uma conduta que não segue as determinações da OMS",
acrescentou, referindo-se à relativização da pandemia de covid-19 e exigência
do fim do isolamento social pelo chefe de Estado.
O chefe do governo fluminense
também mencionou que se Bolsonaro interferir na administração dos estados
brasileiros, cometerá crime de responsabilidade, o que permitiria a abertura de
um processo de destituição. Ele enfatizou que Bolsonaro "precisa ter uma
noção clara de que o que diz pode ter repercussões políticas para ele e, eventualmente,
caracterizar um crime de responsabilidade".
Segundo ele, o presidente criticou
reiteradamente o isolamento social, mas não invalidou as restrições impostas
por governantes locais, portanto, "o que ele diz, não está fazendo de
maneira concreta". Ressalvando não ser capacitado para avaliar a sanidade
mental de Bolsonaro Witzel, comentou que esta teria que ser avaliada no âmbito
de um processo de destituição.
"Não sou psiquiatra, não sou
psicólogo, e mesmo quando eu era juiz, para dizer se uma pessoa tinha a
condição de entender a natureza criminal do ato, eu precisava sujeitar essa
pessoa a uma avaliação por um profissional adequado. Portanto, não posso
avaliar se o presidente tem problemas psiquiátricos ou não, porque não sou o
profissional qualificado para isso."
Bolsonaro causa aglomerações,
Mandetta critica
Neste sábado (11/04), o presidente
Bolsonaro foi alvo de críticas do ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, ao
visitar as obras de um hospital de campanha em Águas Lindas, município de Goiás
a 57 quilômetros de Brasília, criando aglomerações e, mais uma vez, ignorando
as orientações das autoridades sanitárias no combate ao alastramento do vírus
letal.
Mandetta, que acompanhou as
aglomerações à distância, comentou, após a partida do presidente: "Posso
recomendar, não posso viver a vida das pessoas. Os que fazem uma atitude dessas
hoje, daqui a pouco vão ser os mesmos que vão estar lamentando." O chefe
de pasta lembrou que as medidas de isolamento valem "para todos os
brasileiros".
O governador de Goiás, Ronaldo
Caiado, igualmente condenou o comportamento presidencial, descartando uma
liberação das medidas sanitárias antes de 19 de abril. Antes de cumprimentar
Bolsonaro, ele aplicou demonstrativamente álcool em gel nas mãos.
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