Janot
anula imunidade penal concedida a Joesley e Saud
- 14/09/2017 18h46
- Brasília
André
Richter – Repórter da Agência Brasil
O procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, anulou a imunidade penal que foi concedida por ele ao empresário
Joesley Batista, dono da JBS, e de Ricardo Saud ex-executivo da empresa. O
benefício, que é a renúncia por parte da procuradoria a processar os acusados,
foi anulado porque Janot concluiu que Batista e Saud omitiram da PGR
informações durante o processo de assinatura do acordo de delação premiada.
Com a anulação, os Joesley e Saud
foram denunciados ao Supremo Tribunal Federal (STF) no mesmo processo que
envolve o presidente Michel Temer e integrantes do PMDB. “O procurador-geral da
República concluiu que houve omissão deliberada, por parte dos referidos
colaboradores, de fatos ilícitos que deveriam ter sido apresentados por ocasião
da assinatura do acordo”, diz trecho da denúncia.
Na acusação sobre obstrução de
Justiça, Janot sustenta que Temer atuou para comprar o silêncio do doleiro
Lúcio Funaro, um dos delatores nas investigações e que teria sido o operador do
suposto esquema. A suposta interferência teria ocorrido por intermédio de
Batista e Ricardo Saud, que também são acusados do mesmo crime.
Janot também destacou na denúncia
que as provas obtidas nas delações são válidas e não podem ser anuladas, apesar
da perda da imunidade penal.
"Dessa forma, havendo
rescisão de acordo de colaboração premiada por descumprimento das cláusulas, as
quais, por exemplo, proíbem a omissão deliberada, a má-fé, o dever de
transparência dos colaboradores, perde o colaborador os benefícios auferidos,
mas mantêm-se hígidas e válidas as provas já produzidas", afirmou
Janot.
O processo de revisão dos
benefícios concedidos aos delatores da JBS foi aberto no dia 4 deste mês. Na
ocasião, Janot explicou que um áudio entregue pelos advogados da JBS narra
supostos crimes que teriam sido cometidos por pessoas ligadas à PGR. A gravação
foi entregue, por descuido dos advogados, como uma nova etapa do acordo.
Segundo Janot, um dos suspeitos é
o ex-procurador Marcello Miller, acusado de atuar como “agente duplo” em favor
da JBS durante o período em que estava no cargo. Miller se desligou da PGR em
abril e passou a atuar em um escritório de advocacia que presou serviços a empresa.
Edição: Nádia
Franco
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