Ginastas americanas mostram a
elegância e a força de sua técnica-chefe: Martha Karolyi, uma lenda do esporte
Por
Denise Mirás 29/07/2016 19H11
Assistir
ao treino das garotas é um privilégio: a confiança da equipe é total, e a
certeza de medalhas é mostrada com a precisão de cada gesto, de cada
aterrissagem
Cada ginasta tem seu técnico, para correções. Mas o
comando geral é de Martha (Foto: Rio 2016/Denise Mirás)
Elegantíssima perto de completar
74 anos, ela é a referência da ginástica artística feminina dos Estados Unidos.
Martha Karolyi está no Parque dos Atletas, comandando o treino de cinco garotas
excepcionais. Fala em voz baixa, mais incentivando do que corrigindo, ao mesmo
tempo em que tranquiliza o grupo nos intervalos entre os aparelhos de solo,
salto sobre a mesa, paralelas assimétricas e trave.
No meio tempo, a
coordenadora-técnica fala com cada treinador que acompanha individualmente as
ginastas – e são eles que mostram as correções necessárias nos gestos, nas
séries executadas.
A postura da técnica-chefe, no
cargo desde os Jogos Olímpicos Atlanta 1996 em substituição ao marido, Bela
Karolyi, passa para as meninas. Martha e Bela se refugiaram nos Estados Unidos
em 1991, vindos da Romênia - Bela havia sido o técnico de Nádia Comaneci.
Os Karolyi foram chamados para
comandar a ginástica dos Estados Unidos e revolucionaram: suas ginastas tinham
musculatura mais desenvolvida que a das ginastas das décadas anteriores.
Mostraram que esse seria o caminho. Juntos, rRevelaram talentos como Mary Lou
Keatton, em Los Angeles 1984, e Kerry Strug, em Atlanta 1996.
As
garotas de Martha no Rio 2016
Gabby Douglas foi campeã no geral
individual em Londres 2012, além de ouro por equipes. Aly Raisman foi ouro no
solo e bronze na trave. São as duas únicas remanescentes da última edição
Olímpica. A fenômeno Simone Biles estreia em Jogos Olímpicos com dez medalhas
de ouro em Mundiais (fora as duas pratas e os dois bronzes). Madison Kocian é
bicampeã mundial por equipes. E a caçula Laurie Hernandez tem apenas 16 anos.
No solo, as coreografias têm
músicas com um quê de suingue americano (Gabby), um rebuscado meio árabe
(Laurie), as batidas espanholas (Madison), algo de Leste Europeu (Aly) e um
encontro entre rumba e samba, meio Carmem Miranda (Simone).
Força
garante altura; foco, precisão
Impressionam. Impressionam pela
fortaleza da musculatura. Apenas Madison Kocian é mais esguia. Mostra mais
leveza nos saltos. Os movimentos fluem com naturalidade, é muito precisa e
muito focada e séria. Tem tudo para se tornar uma belíssima surpresa da
ginástica artística destes Jogos Olímpicos. Impressionam pelas piruetas e giros
a uma altura fantástica, com aterrissagens perfeitas. Todas têm os tornozelos
bem seguros por faixas.. À exceção de Simone Biles, que também dispensa meias e
sapatilhas – mas não o laço de fita com as cores de seu país.
Simone parece solta, sorri, fala
baixinho. Quem ter um ar mais apreensivo é Gabby, a atual campeã Olímpica, que
tem toda razão de se preocupar com a defesa de seu título no Rio 2016 – a
companheira de equipe com certeza será sua maior rival.
Solo, salto, intervalo –
banheiro, cada ginasta acompanhada de uma técnica –, assimétricas, trave...
Holandesas e seus técnicos param para acompanhar as norte-americanas, assim
como atleta e técnico da Eslovênia.
Fim. Marta Karolyi, que deve
passar o cargo de técnica-chefe depois destes Jogos, reúne suas garotas,
conversa. Entrevista? A chefe de equipe diz: “Não. Só depois de pódio.”
(Well... Ok!)
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