Obras
olímpicas no Rio de Janeiro são interditadas e embargadas pelo Ministério do
Trabalho
Construções no Parque Olímpico e na Vila dos
Atletas continham irregularidades trabalhistas
Luísa
Cortés, do Portal PINIweb
9/Maio/2016
Na última semana, a
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego no Rio de Janeiro (SRTE-RJ)
realizou a “Operação Aquecimento”, que culminou no embargo parcial de uma obra
e interdição de outras três, todas relacionadas à Olimpíada.
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A Torre de TV do Parque Olímpico
foi embargada parcialmente na última quarta-feira (4), por trabalho em
periferia desprotegida. Na mesma obra houve interdição de trabalho em altura e
em andaimes. Foram constatados pelos auditores fiscais do Trabalho do SRTE-RJ
“locais com risco de queda de trabalhadores ou projeção de materiais, sem
proteção coletiva” e vãos de acesso aos poços de elevadores desprotegidos, além
da falta de proteção provisória contra queda de altura na periferia das lajes.
Na quinta-feira (5), a obra a ser
interditada está localizada na rua Olof Palme, na Vila dos Atletas. Ali, foi
constatado o serviço de escavação sem projeto específico, além da falta de
sinalização e isolamento adequados na escavação. Nos espaços confinados, que
também foram interditados, houve a falta de emissão de Permissão de Entrada e
Trabalho, capacitação e ausência de monitoramento contínuo do local.
Os auditores voltaram ao local na
sexta-feira (6) e constataram o descumprimento da interdição determinada no dia
anterior. Foi enviada uma autuação imediata e o caso foi encaminhado para o
Ministério Público do Trabalho.
"Esse desrespeito ao
embargo, devidamente encaminhado ao Ministério Público do Trabalho, demonstra o
descompromisso da empresa e da própria Prefeitura em cumprir com as obrigações
legais que têm o objetivo de garantir a segurança e a saúde do
trabalhador", reforça afirmou Robson Leite, Superintendente Regional do
Ministério do Trabalho e Emprego no Rio de Janeiro.
"A nossa preocupação é com a
segurança e a vida dos trabalhadores. As 11 mortes que ocorreram até agora
nas obras ligadas direta ou indiretamente às Olimpíadas nos
chocam, e este número só não foi maior devido à em função da ação sistemática
dos nossos auditores fiscais", acrescentou Leite.
Doze fiscais do trabalho
participaram da operação. Eles verificaram formalização dos contratos de
trabalho, controle de jornada, pagamento de salário e descanso, além do
cumprimento das Normas de Segurança e Saúde no Trabalho, do Ministério do
Trabalho e Previdência Social (MTPS). Foram fiscalizados 35 empregadores, e
foram localizados trabalhadores sem formalização de vínculo empregatício, sem
controle efetivo da jornada de trabalho. Também foi constatado que a jornada de
algumas empresas era fraudada, com a pré-marcação dos dias trabalhados.
A Prefeitura do Rio de Janeiro,
respondeu, através da Fundação Geo Rio, que “fiscaliza a execução das áreas
comuns da Vila dos Atletas, a cargo da empresa Erwil, que já orientou que a
construtora acate imediatamente as providências de segurança solicitadas pelo
Ministério do Trabalho”. Ainda disse que “dois pontos de escavação no terreno
foram isolados e uma reunião decidirá os ajustes necessários para o andamento
das obras. Nas demais frentes de trabalho as obras seguem normalmente, sem
alteração”.
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