quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Elite do Tenis



Guga e Maria Esther apontam favoritos no Rio 2016, mas alertam: ninguém é imbatível
Ícones ressaltam boa fase de Novak Djokovic e Serena Williams, porém ressaltam que no tênis qualquer um é sujeito a tropeços


 Guga e Maria Esther compartilham esperança por Bruno Soares e Marcelo Melo nos Jogos Rio 2016 (Foto: Rio Open/Fotojump)

Apontar favoritos às medalhas de ouro do tênis nos Jogos Rio 2016 pode parecer fácil. Basta olhar o ranking. Mas será isso mesmo? Nada melhor do que conversar com dois ícones brasileiros do esporte que ainda acompanham de perto tudo o que acontece no circuito: Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten. Na semana passada, eles frequentaram as quadras do Rio Open de olho em alguns dos principais nomes do esporte.
Guga, que disputou os Jogos Sydney 2000 e Atenas 2004, torce por medalha da dupla brasileira Marcelo Melo e Bruno Soares nas duplas masculinas - são seus amigos pessoais. Ele também vê o sérvio Novak Djokovic como franco favorito na disputa de simples masculina, mas não imbatível.
 
O brasileiro relata uma lista de qualidades que fizeram de Djoko o número 1 do mundo no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP). “Fisicamente ele é extraordinário, tão bom quanto o Nadal e até melhor em alguns quesitos. Tecnicamente continua evoluindo e é um cara praticamente perfeito”, avalia o tricampeão de Roland Garros. A boa fase física e técnica, segundo ele, afeta a psicológica. “Faz com que o jogo mental dele fique praticamente imbatível. Ele sabe que se jogar uma hora, duas, três, em algum momento do jogo ele vai sair, vai se sentir detentor da partida e vai sair vitorioso”.


Mas Guga aponta que até mesmo um atleta como o sérvio pode ser derrotado. Fácil não é. “É complicado. Acho que o único golpe vulnerável que ele tem é a direita, como aconteceu no jogo contra o (francês Giles) Simon, no qual ele perdeu um pouco a confiança”, analisa. “Atualmente depende de fazer com que ele jogue mal. Tem de bolar uma estratégia que o tire da zona do conforto. É deixar Djokovic descalibrado e depois começar um outro tipo de competição. E aí é não dar nenhuma oportunidade”.

Para Guga, apesar da fase não muito boa na atualidade, o espanhol Rafael Nadal, medalha de ouro na disputa de simples em Pequim 2008, é um atleta que precisa ser sempre respeitado. “A gente tem de esperar tudo de um cara como ele, que quando voltou de uma lesão se tornou o número 1 do mundo. Eu, que passei por esta dificuldade e ela foi determinante na minha carreira, espero pelo menos mais dez anos até que os olhos mostrem que ele não foi capaz. Mas, até lá, a gente tem de acreditar no impossível do Nadal. Óbvio que no rendimento na quadra hoje é diferente dos melhores momentos dele - está tendo uma série de dificuldades, e claro que a questão principal é de confiança."

Nadal, que foi campeão Olímpico em 2008, caiu na semifinal no torneio carioca (Rio Open/Fotojump)

Comemoração prolongada
Maria Esther não pôde participar dos Jogos porque em sua época o tênis feminino não fazia parte do programa Olímpico - uma grande frustração, que ela nunca escondeu. Por esse motivo, ter seu nome escolhido para a quadra central do Centro Olímpico de Tênis foi motivo de uma comemoração que ainda não acabou. “O principal foi ser essa homenagem em vida”, conta a ex-tenista, 19 títulos de Grans Slam no currículo. “Foi fantástico, equivalente a uma das minhas grandes vitórias, uma vitória pessoal - principalmente pelo reconhecimento, pois já encerrei carreira há bastante tempo . Espero que não que sirva só de exemplo, mas incentivo para as pessoas.”


A expectativa é de que os melhores venham para os Jogos e com força total. “Federer, Djokovic, Nadal. Todos, tem um pouco mais de idade e estão bem espertos para os Jogos porque daqui quatro anos dificulta mais”, avalia Maria Esther. “Quanto às chances do Brasil, nossa maior seria mesmo nas duplas, com o Marcelo e o Bruno”.
 
Quando o assunto é tênis feminino, Maria Esther avalia que Serena Williams é favorita, mas tudo pode acontecer. “O tênis é um esporte de muitas surpresas, você não pode ter muita certeza. Temos o exemplo clássico: em 2015, para Serena, faltava só ganhar o US Open para vencer todos os quatro Grand Slams em um ano só. Todo mundo falava disso e não aconteceu (ela perdeu nas semifinais para a italiana Roberta Vinci, na época 43ª do mundo, e ficou de fora da final)”, relembra. “No mundo do tênis e do esporte nada é certo. Depende do momento, do dia. Mas esses Jogos vão ser espetaculares."

Palpite Italiano
A italiana Flávia Pennetta, que venceu Vinci na final do US Open do ano passado e encerrou carreira, endossa a opinião de Maria Esther e Guga sobre favoritismo e surpresas do tênis. No Brasil para acompanhar o namorado Fábio Fognini no Rio Open, ela aponta duas favoritas no feminino. “Serena para mim é a número 1 do mundo e Maria (Sharapova, russa) também. Mentalmente e fisicamente são as mais fortes de todas”, avalia. “Mas podem ter um dia ruim, porque são humanas."

 Já aposentadas, Flávia Pennetta e Maria Esther brincaram nas quadras do Rio (Rio Open/Fotojump)

Para o Brasil, Pennetta aponta Melo e Soares como favoritos, mas acredita que questões externas podem ter influência. “Quando se joga pelo seu país e em uma competição diferente tudo pode acontecer. Tenho essa experiência na Federation Cup, onde, para mim, é igual se você é a número 1 do mundo e a outra é a número 40”, aponta. “Quando joga pelo seu país entram coisas dentro que, ou te paralisam, ou te dão tanta motivação que você tira o melhor que há dentro de você."

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