Guga e Maria Esther apontam
favoritos no Rio 2016, mas alertam: ninguém é imbatível
Ícones ressaltam boa fase de Novak Djokovic e
Serena Williams, porém ressaltam que no tênis qualquer um é sujeito a tropeços
Guga e Maria Esther compartilham esperança por Bruno Soares e Marcelo
Melo nos Jogos Rio 2016 (Foto: Rio Open/Fotojump)
Apontar favoritos às medalhas de
ouro do tênis nos Jogos Rio 2016 pode parecer fácil. Basta olhar o
ranking. Mas será isso mesmo? Nada melhor do que conversar com dois ícones
brasileiros do esporte que ainda acompanham de perto tudo o que acontece
no circuito: Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten. Na semana passada, eles frequentaram as
quadras do Rio Open de olho em alguns dos principais nomes do esporte.
Guga, que disputou os Jogos
Sydney 2000 e Atenas 2004, torce por medalha da dupla brasileira Marcelo Melo e
Bruno Soares nas duplas masculinas - são seus amigos pessoais. Ele também vê o
sérvio Novak Djokovic como franco favorito na disputa de simples masculina, mas
não imbatível.
O
brasileiro relata uma lista de qualidades que fizeram de Djoko o número 1
do mundo no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP). “Fisicamente
ele é extraordinário, tão bom quanto o Nadal e até melhor em alguns quesitos.
Tecnicamente continua evoluindo e é um cara praticamente perfeito”, avalia o
tricampeão de Roland Garros. A boa fase física e técnica, segundo ele, afeta a
psicológica. “Faz com que o jogo mental dele fique praticamente imbatível. Ele
sabe que se jogar uma hora, duas, três, em algum momento do jogo ele vai sair,
vai se sentir detentor da partida e vai sair vitorioso”.
Mas Guga aponta que até mesmo um
atleta como o sérvio pode ser derrotado. Fácil não é. “É complicado. Acho que o
único golpe vulnerável que ele tem é a direita, como aconteceu no jogo contra o
(francês Giles) Simon, no qual ele perdeu um pouco a confiança”, analisa.
“Atualmente depende de fazer com que ele jogue mal. Tem de bolar uma estratégia
que o tire da zona do conforto. É deixar Djokovic descalibrado e depois começar
um outro tipo de competição. E aí é não dar nenhuma oportunidade”.
Para Guga, apesar da fase não
muito boa na atualidade, o espanhol Rafael Nadal, medalha de ouro na disputa de
simples em Pequim 2008, é um atleta que precisa ser sempre respeitado. “A gente
tem de esperar tudo de um cara como ele, que quando voltou de uma lesão se
tornou o número 1 do mundo. Eu, que passei por esta dificuldade e ela foi
determinante na minha carreira, espero pelo menos mais dez anos até que os
olhos mostrem que ele não foi capaz. Mas, até lá, a gente tem de acreditar no
impossível do Nadal. Óbvio que no rendimento na quadra hoje é diferente dos
melhores momentos dele - está tendo uma série de dificuldades, e claro que
a questão principal é de confiança."
Nadal, que foi campeão Olímpico em 2008, caiu na semifinal no torneio
carioca (Rio Open/Fotojump)
Comemoração prolongada
Maria Esther não pôde participar
dos Jogos porque em sua época o tênis feminino não fazia parte do programa
Olímpico - uma grande frustração, que ela nunca escondeu. Por esse motivo,
ter seu nome escolhido para a quadra central do Centro Olímpico de Tênis foi
motivo de uma comemoração que ainda não acabou. “O principal foi ser
essa homenagem em vida”, conta a ex-tenista, 19 títulos de Grans
Slam no currículo. “Foi fantástico, equivalente a uma das minhas grandes
vitórias, uma vitória pessoal - principalmente pelo reconhecimento, pois já
encerrei carreira há bastante tempo . Espero que não que sirva só de exemplo,
mas incentivo para as pessoas.”
A expectativa é de que os
melhores venham para os Jogos e com força total. “Federer, Djokovic, Nadal.
Todos, tem um pouco mais de idade e estão bem espertos para os Jogos porque
daqui quatro anos dificulta mais”, avalia Maria Esther. “Quanto às chances do
Brasil, nossa maior seria mesmo nas duplas, com o Marcelo e o Bruno”.
Quando o assunto é tênis feminino, Maria Esther avalia que Serena
Williams é favorita, mas tudo pode acontecer. “O tênis é um esporte de muitas
surpresas, você não pode ter muita certeza. Temos o exemplo clássico: em 2015,
para Serena, faltava só ganhar o US Open para vencer todos os quatro Grand
Slams em um ano só. Todo mundo falava disso e não aconteceu (ela perdeu nas
semifinais para a italiana Roberta Vinci, na época 43ª do mundo, e ficou
de fora da final)”, relembra. “No mundo do tênis e do esporte nada é certo.
Depende do momento, do dia. Mas esses Jogos vão ser espetaculares."
Palpite
Italiano
A italiana Flávia Pennetta, que
venceu Vinci na final do US Open do ano passado e encerrou carreira, endossa a
opinião de Maria Esther e Guga sobre favoritismo e surpresas do tênis. No
Brasil para acompanhar o namorado Fábio Fognini no Rio Open, ela aponta duas
favoritas no feminino. “Serena para mim é a número 1 do mundo e Maria
(Sharapova, russa) também. Mentalmente e fisicamente são as mais fortes de
todas”, avalia. “Mas podem ter um dia ruim, porque são humanas."
Já aposentadas, Flávia Pennetta e Maria Esther brincaram nas quadras do Rio
(Rio Open/Fotojump)
Para o Brasil, Pennetta aponta Melo e Soares como favoritos, mas acredita que questões externas podem ter influência. “Quando se joga pelo seu país e em uma competição diferente tudo pode acontecer. Tenho essa experiência na Federation Cup, onde, para mim, é igual se você é a número 1 do mundo e a outra é a número 40”, aponta. “Quando joga pelo seu país entram coisas dentro que, ou te paralisam, ou te dão tanta motivação que você tira o melhor que há dentro de você."
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